Na contramão da política de combate ao desmatamento.

Nos dois últimos anos (2008 - 2010), o Banco Nacional de Desesnvolvimento Econômico e Social (BNDES) investiu cera de R$ 10 bilhões em grandes frigoríficos, como o JBS, Bertin (que se fundiram) e Margfrig, com o intuito de consolidar a posição do Brasil como principal exportador mundial de proteína animal, época em que o governo já havia reconhecido a pecuária como o maior motivo do abate da Floresta Amazônica.

De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), faltou coordenação do governo para evitar o choque dessas duas políticas: pecuária X desmatamento.

Na época dos grandes investimentos em frigoríficos, relatórios oficiais mostravam que a pecuária dominava 80% das áreas desmatadas. Em 2006, a Amazônia concentrava a terça parte do rebanho nacional. E em 2007 o ritmo das motosserras voltara a crescer. Com o dinheiro do BNDES, os frigoríficos reforçaram o avanço da pecuária na Amazônia: TODOS têm estabelecimentos industriais na região.

Segundo a auditoria aprovada pelo TCU, alguns frigoríficos beneficiados pelo BNDES adquiriram gado de fazendas envolvidas com o desmatamento e trabalho escravo.

E mais, o Tribunal avaliou também, créditos do Banco da Amazônia e do Banco do Brasil, num total de investimentos de R$ 31 bilhões.

Devido à pressão do Ministério Público do Pará contra o gado ilegal, somente no fim de 2009 o BNDES passou a cobrar dos frigoríficos beneficiados que não comprassem gado de áreas desmatadas.

Fonte: Jornal "O Estado de São Paulo", Marta Salomon, publicado em 24/10/2010.